Nos tempos em que a carnaúba reinava soberana nos sertões de Felipe Guerra, havia um homem que transformava o suor em progresso: Raimundo Celso, o querido Mundico de Batista.
Na sua prensa de cera, o barulho do ferro e o cheiro da cera
quente se misturavam às conversas animadas dos trabalhadores. Ali, muitos pais
de família encontravam sustento e dignidade, guiados pela confiança e pela
palavra firme de Mundico de Batista, pele clara, estatura mediana, sempre com
seus óculos de grau e um bom chapéu na cabeça, ele era figura marcante da
Pindoba. Boêmio nas horas de descanso apreciava uma boa prosa e gostava de ver
o pôr do sol cair sobre o terreiro, como quem contempla o que ajudou a
construir.
Mundico de Batista foi mais que um comerciante no ramo da
cera de carnaúba — foi um pioneiro do desenvolvimento local, gerando emprego,
movimentando o comércio e acreditando no valor do trabalho simples e honesto.
Acreditava que respeito era o melhor negócio, e sua palavra valia mais do que
qualquer documento. Foi assim, no trato limpo e no compromisso certo, que
construiu uma reputação que o tempo não desfez.
Hoje, o tempo levou seu corpo, mas não o seu nome — porque
nomes como o de Mundico não se apagam. Permanecem acesos na memória do povo,
vivos nas lembranças de quem o conheceu.E quando alguém fala da velha Pindoba,
é impossível não citar Mundico de Batista, pois a história daquela terra ainda
guarda, entre as palhas da carnaúba e o cheiro da cera quente, as marcas do seu
trabalho e da sua honestidad
POR GERALDO FERNANDES

Nenhum comentário:
Postar um comentário