Houve um tempo em que o coração da Cidade Alta batia mais
forte sob a sombra generosa de uma oiticica. Era ali, bem em frente ao tronco
largo e antigo, que se erguia o Bar da Oiticica — um ponto de encontro onde o
riso e a confusão dividiam o mesmo espaço, e onde a vida parecia correr mais
leve.
Nas mesas simples de madeira, quantas histórias nasceram e
morreram ao sabor de uma garrafa aberta! Era lugar de amores escondidos e
arruaças declaradas, de serenatas improvisadas, promessas de sobriedade e
risadas que ecoavam madrugada adentro. Cada canto do bar guardava um fragmento
da alma da cidade: o som do violão, o brinde de copos tilintando, a conversa
arrastada dos amigos que não tinham pressa de ir embora.
Mas o tempo, esse inimigo silencioso das lembranças, tratou
de calar o bar. Hoje, as portas permanecem fechadas, o balcão coberto de
poeira, e o eco do passado repousa entre as raízes da velha oiticica.
Ela, firme e altiva, continua ali — testemunha silenciosa de
um tempo de glória. Observa tudo, mas nada diz. Viu o movimento cessar, viu os
rostos desaparecerem, e agora guarda, em silêncio, o segredo de um lugar onde a
vida já foi festa.
Sob sua sombra, o vento ainda sopra como se sussurrasse as
vozes de outrora… lembrando que o Bar da Oiticica pode ter morrido, mas a
memória dele continua viva no coração de quem o conheceu
.

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