FAMÍLIA CANAPUM (FAMÍLIA SILVEIRA DA VÁRZEA DO APODI) – ENSAIO
GENEALÓGICO E HISTÓRICO
A alcunha “Canapum”, amplamente difundida em diversos
municípios do Oeste potiguar, não possui origem como sobrenome formal, mas sim
como um epíteto familiar. Historicamente, essa denominação passou a identificar
parte dos descendentes da tradicional família Silveira, estabelecida na Várzea
do Apodi desde o século XIX.
Os registros mais remotos dessa linhagem destacam figuras de
relevância pública, entre eles João Nogueira da Silveira, que exerceu funções
administrativas nas primeiras décadas após a elevação da então Vila de Apodi à
categoria de cidade, em 1833, atuando como vereador e primeiro administrador
municipal.
Durante aquele século, membros da família Silveira
radicaram-se principalmente no Sítio São Lourenço, uma área de forte ocupação
agrícola e relevante para o processo de povoamento regional. Nessa comunidade
encontra-se o casal que estruturou uma das principais ramificações da família:
Antônio Francisco da Silveira e Ana Gomes da Silveira — esta nascida no próprio
São Lourenço, filha de Antônio Francisco do Rosário e Ana Rocha.
Descendência de Antônio Francisco da Silveira e Ana Gomes da
Silveira
O casal teve os seguintes filhos, nascidos na segunda metade
do século XIX:
• Maria Gomes da Silveira (n. 1845)
• Joana Gomes da Silveira (n. 1855) — tronco dos Silveira do
Sítio Arapuá, Felipe Guerra
• Francisca Gomes da Silveira (n. 1867)
• Izabel Gomes da Silveira (n. 1868)
• Ana Francisca da Silveira (n. 1869)
• Francisco Antônio da Silveira (n. 1870)
• Amaro Antônio do Rosário (n. 1871)
• Hermógenes Gomes da Silveira (n. 1872)
•
Entre esses descendentes, sobressai Francisco Antônio da
Silveira, figura central no surgimento do nome Canapum na genealogia potiguar.
Estabelecido no Sítio Barrocas, Francisco era casado com Rosa Francisca da
Conceição. A partir desse ramo, a alcunha se consolidou entre seus descendentes
diretos, transmitida como identificação social e comunitária, sobretudo ligada
ao labor rural e às relações de vizinhança e parentesco.
Descendência de Francisco Antônio da Silveira (Chico Canapum)
e Rosa Francisca da Conceição
• Francisca Maria dos Prazeres
• Pedro Francisco do Nascimento (Pedro Canapum) — residiu no
Sítio São Vicente, Caraúbas
• Antônio Francisco do Nascimento (Antônio
Canapum) — residiu no Sítio Pau dos Ferros, Apodi
• João Francisco da Silveira
• Francisco Antônio do Nascimento — residiu no Sítio São
Lourenço, avô do ex-vereador Valdir Canapum
• Miguel Antônio do Nascimento — residiu no Sítio Pau dos
Ferros, Apodi
• Pedro Antônio do Nascimento — residiu no Sítio Pau dos
Ferros, Apodi
• Domingos Antônio do Nascimento — radicou-se em Umarizal
• Lúcio Antônio da Silveira
• Paulo Francisco do Nascimento (27/04/1903 – 1980) — casado
com Maria Amélia de Morais
•
Descendência de Paulo Francisco do Nascimento e Maria Amélia
de Morais
• Raimundo Francisco do Nascimento, conhecido como Mudinho de
Paulo
• Paulo Francisco do Nascimento, o Paulinho Canapum
• Maria de Lurdes de Morais, mãe do ex-prefeito de Felipe
Guerra Haroldo Ferreira
• Antônio Francisco do Nascimento, conhecido como Tonho de
Paulo Canapum
CONSIDERAÇÕES
HISTORIOGRÁFICAS
A formação da família Canapum integra o contexto mais amplo
de ocupação econômica da Várzea do Apodi, marcada pela agricultura irrigada
tradicional e pela constituição de pequenos núcleos rurais ao longo dos rios e
olhos-d’água locais. Essa família contribuiu largamente para o povoamento de
áreas que hoje pertencem aos municípios de Apodi, Felipe Guerra, Caraúbas e
Umarizal, desempenhando papéis sociais diversos — de liderança comunitária a
participação política, evidenciada nas gerações mais recentes.
O reconhecimento historiográfico desse clã familiar
representa não apenas resgatar um sobrenome de caráter popular, mas reafirmar
sua importância como um dos troncos genealógicos basilares da região da Várzea
do Apodi.
O LEGADO DE MUNDICO DE BATISTA
Nos tempos em que a carnaúba reinava soberana nos sertões de
Felipe Guerra, havia um homem que transformava o suor em progresso: Raimundo
Celso, o querido Mundico de Batista.
Na sua prensa de cera, o barulho do ferro e o cheiro da cera
quente se misturavam às conversas animadas dos trabalhadores. Ali, muitos pais
de família encontravam sustento e dignidade, guiados pela confiança e pela
palavra firme de Mundico de Batista, pele clara, estatura mediana, sempre com
seus óculos de grau e um bom chapéu na cabeça, ele era figura marcante da
Pindoba. Boêmio nas horas de descanso apreciava uma boa prosa e gostava de ver
o pôr do sol cair sobre o terreiro, como quem contempla o que ajudou a
construir.
Mundico de Batista foi mais que um comerciante no ramo da
cera de carnaúba — foi um pioneiro do desenvolvimento local, gerando emprego,
movimentando o comércio e acreditando no valor do trabalho simples e honesto.
Acreditava que respeito era o melhor negócio, e sua palavra valia mais do que
qualquer documento. Foi assim, no trato limpo e no compromisso certo, que
construiu uma reputação que o tempo não desfez.
Hoje, o tempo levou seu corpo, mas não o seu nome — porque
nomes como o de Mundico não se apagam. Permanecem acesos na memória do povo,
vivos nas lembranças de quem o conheceu.E quando alguém fala da velha Pindoba,
é impossível não citar Mundico de Batista, pois a história daquela terra ainda
guarda, entre as palhas da carnaúba e o cheiro da cera quente, as marcas do seu
trabalho e da sua honestidad

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